32°
CONGRESSO NACIONAL DOS EMPREGADOS DA CAIXA (CONECEF)
TESE
DA CENTRAL DOS TRABALHADORES E TRABALHADORAS DO BRASIL (CTB)
Conjuntura
Internacional
América
Latina, Brasil sob o alvo do imperialismo
Um terrível golpe contra a
democracia foi dado, decorrente da dura e acirrada luta política em
curso no país, derivada da luta de classes, do confronto de dois
projetos de Nação. Acontece que os processos históricos nacionais,
sobretudo de países do porte do Brasil, estão cada vez mais
imbricados com uma realidade mundial marcada por lutas para que se
alterem suas relações de poder e pela dominância da lógica
financeira, rentista, no âmbito de uma economia interligada e
crescentemente globalizada. Assim, a luta política em andamento só
pode ser compreendida em sua totalidade – situando o Brasil, a
América Latina, e mesmo os BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e
África do Sul) – no contexto de um mundo regido por uma crise
estrutural e sistêmica do capitalismo que se estende para seu sétimo
ano.
Os
trabalhadores e os povos resistem à dominação da oligarquia
financeira e das forças pró-imperialistas. O mundo também se
encontra envolto por uma luta entre países e blocos de países, da
qual resultará o desfecho da atual transição em curso no mundo. O
imperialismo estadunidense eleva a agressividade para tentar conter
sua trajetória de declínio relativo e manobra buscando relançar
sua hegemonia.
Nesse
sentido, ganha destaque na situação internacional uma ação das
potências imperialistas lideradas pelos EUA para conter e agredir
qualquer país que contrarie seus interesses. A aliança EUA-União
Europeia-OTAN atua para cindir os países BRICS, seja cooptando-os –
como buscam os EUA em relação à Índia e parece que conseguirá
com o Brasil –, seja agindo para tentar neutralizar e conter a
Rússia, seja investindo contra a aliança da China e da Rússia, que
promove a integração euroasiática. Também o Irã, a Síria e
outras nações da América Latina e Caribe, destacadamente Cuba,
Venezuela, estão submetidos a forte pressão econômica com
expressivo componente exógeno e de guerra midiática. Na Argentina,
essa tática alcançou o objetivo esperado pelo imperialismo e o novo
governo neoliberal encareceu o custo de vida, está aplicando medidas
que envolvem diminuições de custos do governo, inclusive com
demissões em massa ao mesmo tempo em que renegociam a dívida dos
fundos abutres, diminuem taxações de lucros e repreendem os
movimentos populares. Apesar de mal ter chegado ao governo, no
Brasil, o golpista empossado e seus ministros já sinalizaram aos EUA
interesse em voltar ao seu papel subalterno
Os
BRICS têm agido diretamente no sentido de acelerar a transição nas
relações de poder no mundo em direção à multipolarização. Sua
Cúpula em Fortaleza (julho de 2014) foi marca importante desse
movimento, ao definir a constituição de meios para aprofundar a
mudança na ordem econômica internacional, ao constituir um Banco de
desenvolvimento e um Fundo de reservas para proteger suas economias
nacionais. Agora esse banco começa a operacionalizar financiamentos
em infraestrutura.
Quanto
à crise do capitalismo, apesar de ideólogos desse sistema
anunciarem que uma luz já estaria a brilhar no fim do túnel,
baseados sobretudo numa frágil retomada da economia dos Estados
Unidos da América, o fato é que o cenário geral ainda é de baixo
crescimento. O Produto Interno Bruto (PIB) mundial segue com
desempenho fraco, em 2015 cresceu abaixo dos 3% previstos, chegando
apenas a 2,4%. Algo que já vinha ocorrendo nos 3 anos anteriores. A
previsão pra esse ano não é muito diferente 2,9%.
Duas
questões importantíssimas não se alteraram ao longo desse percurso
que chega ao seu oitavo ano. Primeiro: a lógica financeira,
rentista, segue no comando dos Estados nacionais da maioria dos
países, sobretudo do centro capitalista. De “posse” desses
Estados, aplica políticas para salvaguardar os ganhos fabulosos dos
conglomerados financeiros e jogar o ônus da crise sobre os ombros
dos povos e dos trabalhadores. Segundo: a crise agrava a desigualdade
social já alarmante e eleva o desemprego. Dados da OIT prognosticam
que nos próximos quatro anos o mundo terá 11 milhões de
desempregados a mais. Assim, em 2019, não terão emprego 219 milhões
de trabalhadores.
Os
grandes países em desenvolvimento que haviam se safado razoavelmente
dos efeitos dos primeiros anos da crise, desde 2011, agora são
atingidos mais duramente. A China, em 2015, reduziu seu crescimento
para cerca de 7% ao ano e deve seguir o mesmo esse ano. – número
significativo, entretanto menor em comparação aos índices acima de
um dígito verificados desde o final dos anos 1970; já a Rússia
provavelmente terá índice negativo de crescimento mais uma vez; a
América Latina terá uma contração de 0,5% no seu PIB. Um fator
importante que concorre para a queda do PIB de países como Rússia,
Venezuela e Irã é a forte queda do preço do petróleo. O Brasil é
duramente atingido pela redução drástica do preço das commodities
que exporta, tais como minério de ferro e soja, e pela crise
política que o assola.
Na
esfera da correlação de forças entre os campos políticos, pode-se
afirmar que a crise, apesar de pôr a nu os limites históricos do
capitalismo, e a despeito da luta e resistência dos povos, fortalece
em plano mundial as forças conservadoras e reacionárias. No cômputo
geral, as forças avançadas seguem atuando sob defensiva
estratégica. Na Europa, por um lado, há o fortalecimento da
contestação popular às medidas neoliberais de “austeridade”,
com greves e protestos dos trabalhadores, e casos de rechaço
eleitoral às forças que defendem a política do capital financeiro,
como foi o caso da Grécia onde houve a vitória eleitoral do Syriza,
e como é o caso da Espanha, onde crescem forças como o Podemos e a
Esquerda Unida. Por outro lado, o que
prevalece
e se robustece ainda é o bloco de forças da direita, além da
persistente ação de forças de extrema-direita como aqueles que
atuam em países como França, Alemanha, Reino Unido e Grécia.
Na
América Latina e Caribe há uma escalada da direita e do
imperialismo para tentar pôr um fim aos governos de esquerda e
progressistas da região. Utilizam variados meios e novas e velhas
táticas, como a guerra midiática, a guerra econômica, a
judicialização da política, os intentos de golpe de Estado, as
ameaças de agressão militar, o apoio e o financiamento externo da
oposição, dentre outros, para tentarem lograr as “mudanças de
regime” que almejam. Note-se que três dos principais países da
América do Sul – Argentina, Brasil, Venezuela – passaram por
situações políticas críticas e foram alvos dessa
investida.
Cada um com singularidades, mas tendo em comum a forte influência de
fatores externos, sendo que na Argentina o projeto neoliberal chegou
ao poder por via democrática, no Brasil através de um golpe
institucional e na Venezuela o governo continua com a esquerda, mas o
parlamento eleito é de maioria de direita conservadora e
antinacional.
Mesmo
sob essa interveniência do imperialismo, desde 2013 as forças de
esquerda e progressistas venceram as eleições presidenciais no
Chile, em El Salvador, na Bolívia, no Brasil e no Uruguai. Essas
vitórias políticas e os passos dados do processo de integração
continental, como Mercado Comum do Sul (Mercosul), União de Nações
Sul-Americanas (Unasul) e Comunidade de Estados Latino-Americanos e
Caribenhos (Celac), propiciaram melhores condições à resistência
e à jornada de lutas dos povos latino-americanos e caribenhos.
Entretanto, a disputa política em torno dos rumos da América Latina
e Caribe, sobretudo da América do Sul, ameaça essas conquistas, e
com isso, as soberanias e a autonomia alcançadas. Diante disso é
necessário reagir integradamente contra os avanços da direita
neoliberal e impulsionar a unidade das forças populares e
progressistas e as ações de solidariedade internacional em seu
âmbito.
No
caso brasileiro, essa interferência do imperialismo se intensificou
desde a
descoberta
da riqueza do pré-sal e ganhou visibilidade na espionagem da CIA em
instituições e empresas do governo brasileiro, reveladas em 2013 –
o que levou a presidenta Dilma a cancelar uma viagem oficial já
marcada a Washington. Na campanha sucessória de 2014, organismos
multilaterais hegemonizados pelos Estados Unidos, como é o caso do
Fundo Monetário Internacional (FMI), e veículos da grande mídia,
porta-vozes da oligarquia financeira, como é caso da revista
britânica The Economist, se imiscuíram indevidamente no debate
eleitoral em favor do candidatado tucano. No início de 2015,
proliferaram análises nos principais meios de comunicação global,
como The Economist, Financial Times ou Time, colocando o Brasil no
alvo e até mesmo fazendo ilações sobre a interrupção do mandato
da presidenta Dilma.
Em
suma, a desestabilização do governo Dilma, embora tenha seguido uma
dinâmica
muito própria da luta de classes no país, envolvendo a velha tática
da bandeira contra a corrupção, faz parte, inegavelmente, de uma
investida mais ampla do imperialismo para tentar derrotar o ciclo
progressista em vigor por mais de 16 anos na América no Sul.
Conjuntura
Nacional
Se
a situação econômica do Brasil é delicada, pode-se dizer que a
situação política é grave. O projeto golpista deve implantar uma
política de desmonte do Estado, recessão e entreguismo que já
começou a ser anunciada. Os cortes já começaram e devem se
expandir nas áreas de políticas públicas de combate a concentração
de renda, como o bolsa família e o Minha Casa Minha Vida, com cortes
e revisões do alcance; nos serviços públicos, restringindo o
acesso; na Cultura e nas políticas identitarias, com as extinções
dos Ministérios da Cultura e da Cidadania. É visível o foco
principal do governo através dos seus Ministérios, teremos um
governo para homens brancos e ricos. Sete ministros são investigados
pela Lava Jato, outros sofrem outras investigações e processos. O
próprio Temer já é inelegível.
Em
detrimento dos trabalhadores, se projeta mudanças nos direitos
previdenciários e trabalhistas. A aposentadoria por tempo de
serviço está sob ataque. A CLT como um todo também. A prevalência
do negociado sobre o legislado, o fim da exigência da participação
do sindicato nas negociações entre patrões e empregados, a
terceirização da atividade fim, as mudanças no financiamento
sindical e fim da estabilidade dos funcionários públicos são
exemplos do que pode concorrer para a desmanche dos direitos
trabalhistas e da luta dos trabalhadores. A repreensão já está
aumentando e a perseguição aos meios de comunicação da esquerda
também.
Também
já há informações sobre mudanças na política externa,
diminuindo a importância das relações com outros países em
desenvolvimento com foco na construção da multipolaridade, e
reforçando a velha atuação de subserviência aos EUA. Seguindo
essa linha neoliberal e antissoberana também já se fala em mudanças
na atuação das estatais, abertura de capitais, desestruturação
para futura privatização. Todo o escândalo que envolveu a
Privataria parece esquecido. Enquanto Temer fala em privatização da
infraestrutura, os cotados para presidir as Estatais abrem ainda mais
o jogo, demonstrando que o caminho de desmonte de empresas
estratégicas para o Brasil está para ser trilhado.
Na
Caixa, o provável futuro presidente fala em abertura de capital da
empresa, começando por vender a Caixa Cartões, a Caixa Seguros e as
loterias. Fala também em rever tarifas pagas pelas atividades do
seguimento social, o que pode levar a retirá-las da Caixa ou acabar
com a exclusividade da Caixa nessas atividades. Além disso, num
momento em que o governo tem tido problema de falta de recurso,
encarecer o custo das políticas públicas, com certeza levará a
diminuí-las. Quem estava na Caixa nos anos 90 sabe o que é a
preparação para a abertura de capital. Envolve arrocho salarial,
congelamento das contratações e desmantelamento da empresa para
induzir o apoio da opinião pública.
Nesse
contexto é essencial continuarmos a denunciar o golpe, agregando
cada vez mais os descontentes com as medidas do governo. Em
meio às ameaças à democracia e aos direitos dos trabalhadores,
acreditamos que o povo deve ser consultado sobre os destinos do país.
Não podemos referendar o governo ilegítimo do Temer, que apresenta
em seu programa uma série de ameaças às conquistas sociais.
O
papel da mídia
A
configuração atual de nossa mídia é um oligopólio, onde poucas
famílias/empresas detêm a maioria dos meios de comunicação, e por
conseguinte têm maior influência na formação de opinião.
Os
recentes episódios envolvendo o escândalo de corrupção na
Petrobrás é exemplo de como a mídia manipula a opinião pública.
A forma como foi tratado o assunto não era simplesmente noticiar o
que estava ocorrendo, mas claramente tinha o objetivo de prejudicar
nossa maior empresa nacional, vendendo a ideia da privatização e da
mudança no sistema de exploração do pré-sal.
Os
ataques não ficaram restritos à petrolífera e se estendem à Caixa
e demais empresas que resistiram à sanha privatista neoliberal.
Mudanças nas regras de financiamento habitacional, que são
conjunturais, são noticiadas como um crime, como se a Caixa não
pudesse alterar suas taxas de juros, enquanto sobre as taxas de
financiamento dos bancos privados impera silencio sepulcral por parte
destes veículos de comunicação.
Tais
notícias sobre a Caixa têm objetivo de desgastar a imagem da
empresa no momento em que a Caixa ganha mercado e disputa com os
grandes bancos privados.
Recentemente,
em uma matéria no O GLOBO, o jornal admitiu ter contratado por
iniciativa própria consultoria para levantar dados e indicar alvos a
serem privatizados.
Tal
discussão não pode ser confundida como apoio ou oposição ao atual
governo, mas como quebrar tal oligopólio e dar voz à maioria da
população. Pauta obrigatória dos movimentos sociais e de todos que
reivindicam defender os trabalhadores.
Caixa
100% pública e estatal. Não à privatização
As
análises de por que não privatizar a Caixa foram feitas à exaustão
por todas as correntes políticas que atuam no movimento, por
intelectuais, economistas etc. Todas elas confluíam na defesa da
Caixa enquanto ente público, o que dispensa tecer comentários. O
que é necessário discutir é o significado de banco público, pois
hoje se temos um banco estatal, não necessariamente temos um banco
público.
Tal
cobrança do papel público dos bancos oficiais a CTB tem cobrado em
todos os anos e em todos os fóruns, pois a cada ano vimos a
diminuição deste papel dentro dessas empresas. A política de
correspondentes bancários, negociais e imobiliários da Caixa é um
exemplo disso. O aumento cada vez maior da área comercial idem.
A
mobilização dos empregados via entidades no ano passado e começo
desse ano foi muito boa e mostrou ao governo e a sociedade que
discordamos majoritariamente das teses privatistas, mas precisamos
manter e aumentar a mobilização, intensificando os debates dentro
dos locais de trabalho, pois a ameaça de privatização será
retomada e dessa vez o ambiente é mais propicio a medidas
impopulares.
A
criação da frente parlamentar é uma atitude positiva pois leva o
debate para dentro do Congresso Nacional, e ajuda na pressão junto
ao governo, mas o debate deve ir além, fortalecendo a participação
de todas as estatais, que estão sob ataque sistemático da mídia
golpista e a serviço dos privatistas de plantão.
Defendemos
ainda a criação de comitês populares em defesa das estatais,
englobando sindicatos, associações, centrais sindicais, movimentos
sociais, acadêmicos, intelectuais etc.
Enfrentar
a Luta Ideológica
Na Caixa Econômica Federal, a
despeito dos avanços no que diz respeito ao papel social da empresa,
estamos perdendo o debate ideológico. As políticas de pessoal e
administrativa imposta pela a direção da empresa vem destruindo à
cultura de "Banco Público" que sobreviveu a duras penas a
"Era FHC".
Na visão dos militantes da
CTB, o enfrentamento deste debate ideológico deve nortear toda a
ação do movimento sindical e associativo dentro da Caixa.
Desde 2003, temos conquistado
com muita luta alguns avanços, entre eles: sucessivos aumentos
reais, (ainda que bem pequenos); o novo PCS (que incorporou na
carreira as VPs); a PLR Social e outros pequenos avanços nas
questões de saúde. Mas não conseguimos sequer debater com
seriedade questões como a Reposição das Perdas Salariais.
Parte desta situação decorre
da "privatização" e "precarização" imposta
pela direção da Empresa, mas não podemos omitir que a postura
defensiva da parcela majoritária do movimento sindical na Caixa
também contribui para esta situação.
A Caixa ampliou sua rede de
agências e a sua clientela, uma política que a fez alcançar o
terceiro lugar entre os bancos no número de ativos. Mas antes da
maturação dessas mudanças mudou completamente o seu curso,
reduzindo investimentos, limitando empréstimos e tendo uma
consequente redução nos seus lucros. O banco que vinha crescendo
num ritmo impressionante deu uma guinada para na direção oposta,
trazendo para sua gestão a política de recessão pregada pelo
mercado como solução da crise econômica. A interrupção das
contratações e os seguidos planos de apoio a aposentadoria causaram
um déficit de pessoal imenso, sacrificando milhares de bancários
que já não aguentam mais o ritmo de trabalho e a crescente cobrança
de metas, cada dia mais desumanas. O ritmo das contratações nem de
longe acompanha as demandas do trabalho. A jornada de trabalho é
constantemente desrespeitada. Cresce os índices de adoecimento, seja
por LER/DORT ou sofrimento mental. As condições de trabalho,
segurança e atendimento pioram a olhos vistos.
Por outro lado, a direção da
empresa burla cada vez mais a legislação através da terceirização.
Multiplicam-se os correspondentes bancários, os correspondentes
imobiliários, os promotores de seguro, dentre outros, sem que haja
qualquer resistência por parte dos empregados, acuados com uma carga
de trabalho cada vez mais estafante.
![]() |
Mnifestação promovida em Salvados pelo Sindicato dos Bancários da Bahia |
Para nós da CTB, a questão das condições de trabalho e da Terceirização precisam ser enfrentadas de frente pelo movimento sindical em âmbito nacional, sobe pena de termos a cada dia que passar a transferência das atribuições dos bancários para os terceirizados com a decorrente precarização das condições de trabalho e o enfraquecimento da categoria bancária.
Vale observar também que a
política de pessoal da Empresa tem estimulado, e muito, a
rotatividade na categoria. No passado, a política adotada pelos
bancos públicos buscava atrair bons profissionais, formá-los e
mantê-los oferecendo-lhes uma perspectiva de carreira estável,
salários dignos e o orgulho de pertencer a um Banco Público.
O que observamos hoje é
exatamente o contrário. Contrata-se com baixos salários, criam-se
diversas funções e jogam os funcionários na competição
autofágica, sob o lema de tem que "vender" mais para a
agência atingir metas e não perder funções. Até mesmo práticas
ilegais, como a "venda casada", acabam sendo estimuladas ou
toleradas.
O critério de venda de produtos inclusive é fator determinante no estágio probatório dos recém-admitidos. Para muitos gestores, se o empregado novo não tiver perfil de vendedor, ele é desligado, mesmo que tenha capacidade técnica que poderia ser aproveitada em outras áreas da empresa.
Assim, aqueles que não conquistam logo uma "funçãozinha" optam por outros concursos e aqueles que conquistam a tão almejada função "se matam" para mantê-las correndo atrás de bater metas a todo custo.
Dai a dificuldade para negociarmos critérios democráticos em caso da retirada de função, a enrolação na implantação do Login único e mecanismos para inibir o "banco de horas".
Tudo isso se acentua com a crescente desconsideração da Caixa às regras negociadas nos nossos acordos coletivos. Tivemos denuncias sobre bancos de horas negativos, cobranças de metas individuais, ranqueamentos, entre outras.
A interrupção dos Processos Seletivos também está gerando distorções frequentes. Enquanto em algumas unidades os caixa executivos estão precisando dividir seu tempo entre várias tarefas que não estão listadas na regulação de sua função, em outras unidades, se cria Processos Seletivos de caráter excepcional sem que sejam divulgados os critérios que divergem as necessidades dessas diferentes unidades.
Os mais antigos acabam desprezados ou perseguidos, como é o caso da odiosa campanha de assédio movida contra os companheiros que permanecem no REG/Replan.
Isto tem dificultado também a renovação e o fortalecimento do movimento. A eleição de delegados sindicais acabam esvaziadas pela falta de candidatos. Poucos dos jovens contratados se interessam pela militância sindical, tragados pela "máquina de moer gente".
Os que não têm função resistem em ir para os sindicatos e perder alguma perspectiva de encarreiramento, permanecendo com um "salário de fome" e os que têm função resistem, pois ao retornarem ao banco perderão a função imediatamente.
Nós da CTB entendemos que este dilema tem que ser enfrentado de frente, sem os subterfúgios por vezes utilizados. Temos que lutar pela valorização dos delegados e dirigentes sindicais de forma a levarmos para as entidades novos quadros, preparados e combativos.
Em suma, nós da CTB
defendemos o fortalecimento dos Bancos Públicos e do seu papel
social, mas entendemos que a condição "sine qua non" para
tanto é o respeito e a valorização dos empregados destas
instituições.
Nenhum comentário:
Postar um comentário