Há
algum tempo o lobby dos bancos privados pressiona para ter acesso aos
recursos do FGTS, atualmente sob a administração exclusiva da Caixa.
Retirar do banco público a gestão do Fundo de Garantia por Tempo de
Serviço, implica em colocar em risco programas de financiamento
habitacional de caráter popular e projetos de desenvolvimento, como
saneamento básico, por exemplo.
Tal
medida, se for levada adiante, representa mais um ataque ao caráter
social da Caixa. A empresa enfrenta a ameaça de abertura de seu capital,
o que na prática traria para sua gestão ideias de mercado que podem
colidir frontalmente com a sua missão precípua de atender às camadas
mais pobres da população, bem como atuar como agente regulador,
ofertando juros e taxas menos agressivas.
A
pulverização dos depósitos do FGTS significaria dizer que bancos
privados poderiam utilizar recursos dos trabalhadores para suas
operações de empréstimo. Assim, dinheiro da classe trabalhadora serviria
ainda mais para ampliar os lucros vultosos do sistema financeiro, visto
que estas empresas não possuem qualquer compromisso com o país, além de
engordar os dividendos para seus acionistas.
Bancos
públicos, como a Caixa que possui 100% de suas ações com o governo,
para que tenham viabilidade e apontem para o cumprimento de objetivos
diferenciados, dependem da gestão de fundos onde possam subsidiar
operações com menos riscos de captação, ao tempo em que ofertem
condições mais vantajosas para a sociedade. Isso ocorre pelo fato de que
em tese não estariam submetidos apenas à lógica do lucro imediato,
apesar de buscarem sustentabilidade nos negócios.
Se
o Bradesco, Itaú, Santander e demais bancos tiverem acesso a este
fundo, eliminamos na prática o diferencial competitivo e detonaremos
toda estrutura de investimento a projetos sociais e estratégicos para
Nação. Um banco privado toparia colocar recursos no programa de
aceleração do crescimento, com taxas de retorno duvidosas?
Está
em curso na verdade , a privatização da gestão do FGTS, fundada em uma
concepção de esvaziamento do Estado e uma crença de que o mercado é mais
capaz de gerir a coisa pública. Essa visão não é ingênua, tem endereço
certo e o alvo é o desmonte do Estado Nacional.
Basta
lembrar, que na crise de 2008 o governo diminuiu o depósito compulsório
no Banco Central, visando disponibilizar mais crédito na economia.
Enquanto a Caixa ampliou esforço de concessão de empréstimos, reduzindo
juros e tarifas, os bancos privados retraíram e engolfaram os valores.
Até o Banco do Brasil, que possui acionistas privados, optou, no
primeiro momento, em se resguardar, para não expor a risco seus
investidores. Não fosse a Caixa, os impactos da crise naquele momento
teriam sido muito piores.
Sem
um banco público forte o Estado possui pouca margem de atuação
anticíclica para contornar momentos de turbulência econômica. Isso foi
provado na prática.
As
grandes corporações econômicas, que apoiaram o golpe no Brasil,
preparam ataque ainda mais agressivo contra as estatais. A disputa pelo
FGTS é mais um capítulo. Resistir aos poderosos interesses em jogo é
tarefa dos verdadeiros patriotas neste momento.
*Augusto Vasconcelos é presidente do Sindicato dos Bancários da Bahia, advogado e professor universitário.
Facebook: facebook.com/AugustoVasconcelosOficial
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